Quando a vida perde o perfume.

Reflexões sobre a saúde emocional e setembro amarelo como lembrança.

TERAPIAS OLFATIVAS E PSICOAROMATERAPIA

Aline Maliuk

9/11/20252 min read

Há momentos em que a vida parece perder o perfume. Nada agrada, nada desperta vontade.

É como se o mundo estivesse sem cor, sem sabor, sem cheiro.

Esse vazio, que tantas pessoas sentem em silêncio, é também um dos sinais de que a mente pede socorro e nem sempre isto significa dopar-se com medicamentos e remédios que atuam e amenizam apenas os efeitos, mas não olha para as causas que entristecem e deixam a vida sem sentido.

Setembro Amarelo nos lembra da importância de falar sobre isso: sobre a dor que muitas

vezes não se vê, mas se sente de forma profunda, parecendo até irreversível. O silêncio pode

ser pesado demais, mas o diálogo direcionado à resolução de causas abre caminhos de

acolhimento antes que piores consequências aconteçam, antes que um mar interno de

angústias afogue uma pessoa por completo!

O olfato, entre todos os sentidos, tem uma força única. Ele conecta diretamente às nossas

emoções e memórias, sem precisar passar pela lógica, seja isso numa decisão de comprar,

em um relacionamento ou mesmo para um apoio terapêutico. Um aroma pode despertar

lembranças esquecidas, acender um sorriso, trazer conforto. É como se o cheiro fosse capaz

de abrir uma fresta de luz na escuridão interna e lembrar que, por menor que seja, ainda

existe vida pedindo para florescer.

Na psicoaromaterapia, utilizamos perfumes e aromas não apenas como fragrâncias, mas

como recursos e ferramentas terapêuticas para devolver à pessoa o contato com aquilo que a

faz sentir viva. Um óleo essencial cítrico pode trazer energia para um corpo cansado; um

floral, serenidade para um coração ansioso; um amadeirado, o aumento da estrutura interna.

Mais do que isso, cada pessoa pode encontrar no aroma uma forma pessoal de ressignificar a

própria história, desde que orientada por um especialista nesta área. Aromas e olfato são

pontes que ligam a mente ao corpo, a lembrança ao presente e o sofrimento à possibilidade

de cura.

Resgatar o sentido da vida pode começar em gestos simples: sentir o cheiro do café sendo

preparado, respirar fundo diante de uma flor, caminhar pela natureza prestando atenção ao ar

que se inspira, escolher conscientemente um perfume para o dia. Esses pequenos rituais

despertam a memória de que viver é também sentir, e que o ato de respirar já é, por si só,

uma celebração.

Que setembro seja um convite para reencontrar o perfume da vida. E que possamos lembrar:

mesmo quando tudo parece sem sentido, sempre existe uma forma delicada de recomeçar e

inspirar — além de aromas — o próprio fôlego de uma vida intensa, colorida e milagrosa

que nos cerca a cada amanhecer.