O teletransporte pelo cheiro
A tecnologia descobrindo o poder do olfato e do cheiros que nos cercam.
ARTIGOS JORNAL GAZETA
Aline Maliuk
10/13/20252 min read


Não existe máquina do tempo mais eficiente do que o olfato. Basta um aroma surgir no
ar para sermos arrancados do presente e levados a outro lugar, outra época, outra versão
de nós mesmos. Um perfume esquecido pode reacender lembranças de infância; o
cheiro de café recém-passado pode devolver a sensação de aconchego da casa da avó;
um aroma de maresia pode nos transportar, em segundos, para férias distantes.
Esse fenômeno não é mágica, mas ciência. Diferente dos outros sentidos, o olfato tem
ligação direta com o sistema límbico, a área do cérebro responsável pelas emoções e
memórias. É por isso que um simples cheiro pode abrir portas invisíveis, despertando
sentimentos que julgávamos adormecidos ou mesmo tratar questões específicas
relacionadas às emoções e traumas gerados em algumas fases da vida.
Na vida apressada que levamos, raramente paramos para perceber o quanto somos
conduzidos pelo nosso olfato. Cheiros, fragrâncias e aromas marcam encontros,
constroem vínculos e até moldam personalidades. Um perfume pode se tornar assinatura
de alguém, assim como uma fragrância de ambiente pode definir a identidade de um
espaço e o público a que se dedica.
O olfato como teletransporte nos convida a algo essencial: cultivar mais presença.
Quando inalamos conscientemente um aroma, damos ao cérebro a chance de criar novas
conexões e ao coração a oportunidade de sentir com profundidade.
Que tal experimentar esse poder no cotidiano? Ao escolher um perfume, pense em que
emoção deseja carregar consigo. Ao perfumar sua casa, reflita sobre a atmosfera que
quer criar. Permita-se viajar sem sair do lugar, usando apenas a porta secreta do olfato e
claro você pode procurar minha ajuda profissional para suas questões particulares.
Inclusive estudos e experimentos já estão sendo realizados neste sentido. A startup
americana Osmo está desenvolvendo um “mapa de odores” que usa inteligência
artificial para digitalizar um cheiro captando suas moléculas, interpretando-as e
mapeando-as e assim recriando cheiros e aromas sem intervenção humana, o feito foi
atingido completamente com o cheiro de uma ameixa fresca.
Esse feito amplia ainda mais as possibilidades do nosso olfato: não só somos
transportados para memórias, mas talvez no futuro possamos “envia-las” até pela
internet — sentir o aroma de algo distante como se estivéssemos no próprio lugar.
No fim, o teletransporte pelo cheiro não nos leva apenas para o passado: ele pode nos
aproximar do presente e nos projetar para o futuro que desejamos construir. Afinal, cada
aroma que escolhemos hoje será a memória afetiva de amanhã.
