COP30 Além dos Ecossistemas: A Mente como Território
Uma abordagem que relaciona o território ambiental ao território da mente. Ambientes sustentáveis exigem pessoas equilibradas na forma mais ampla possível.
ARTIGOS JORNAL GAZETA
Aline Maliuk
11/5/20252 min read
COP30 Além dos Ecossistemas: A Mente como Território
Quando falamos sobre meio ambiente, quase sempre pensamos em florestas, rios, ar e solo. Na
COP30, ouviremos novamente sobre metas de carbono, energias renováveis e acordos internacionais. São temas fundamentais. Mas, há um território igualmente vital que raramente entra na pauta: o território interno.
A saúde mental é um ecossistema. E, assim como a Terra, ele também apresenta mudanças.
Afinal, não vivemos separados do mundo. Nós somos atravessados por ele. E é apenas quando
desenvolvemos esta percepção integrativa que se torna possível chamar os ambientes naturais de meio ambiente, pois estamos usando-os de alguma forma.
Vivemos um tempo de aquecimento psíquico: pressões constantes, estímulos ininterruptos,
excesso de demandas emocionais. Os corpos estão cansados e as mentes, saturadas. No entanto, seguimos tratando o desequilíbrio ambiental como algo distante, externo — quando ele começa, silenciosamente, dentro de nós.
Por isso, hoje, a discussão sobre saúde mental também é uma discussão ambiental.
Como geógrafa, aprendi a ler o mundo por camadas: solo, clima, relevo, ocupações humanas e a interrelação entre esses componente em uma visão dialética e holística.
Como psicoaromaterapeuta clínica e perfumista, aprendi a ler essas mesmas camadas nas pessoas: memória, história, rotina, sintomas, silêncios e os diferentes ambientes que frequentam e fazem parte. É por este motivo que minha forma de ver o mundo, as relações, a natureza, a economia se integram e amplificam uma única mensagem:
Ambientes sustentáveis exigem pessoas equilibradas.
E pessoas equilibradas exigem ambientes que respeitem seus ciclos.
Não existe floresta forte com solo esgotado.
Não existe sociedade saudável com indivíduos emocionalmente adoecidos.
A natureza que cuidamos lá fora só se sustenta se cuidarmos da natureza que existe dentro de
nós. Nossa mente também precisa de medidas de conservação, oxigênio, espaços de respiro,
áreas de natureza. Precisa de pausas, de silêncio, de qualidade no ar que entra e sai dos pulmões
— e sim isso pode envolver também terapias olfativas.
Projetos de aromaterapia corporativa e identidades olfativas aplicados com responsabilidade são parte dessa ecologia do cuidado, ajudando a reduzir o estresse, melhorar a qualidade do sono, restaurar o foco e humanizar relações. São ações, no micro, no ambiente vivido que sustentam grandes impactos, no macro como a imensa mata Amazônica.
COP30 será um momento de olhar o planeta. Que seja também um convite para olharmos para
nós. Porque cuidar do mundo é, antes de tudo, cuidar das espécies que o habita.
